Voz Profissional

 

Existem muitos profissionais que utilizam a voz como instrumento de trabalho. Este é o caso dos professores, atores, dubladores, locutores, narradores, repórteres, leiloeiros, operadores de pregão, operadores de telemarketing, religiosos e até mesmo de fonoaudiólogos ou outros profissionais que passam a lecionar por consequência da sua própria carreira.

O professor de acordo com o Novo Dicionário Folha/Aurélio, é aquele que professa ou ensina uma ciência, uma arte, uma técnica, uma disciplina; mestre.

Os professores são considerados, como profissionais da voz, uma vez que a voz é seu principal instrumento de trabalho. Estes profissionais raramente possuem preparo vocal prévio para atuação e estão expostos a situações que levam ao mau uso e abuso vocal. São considerados como grupo de risco para desenvolver sintomas vocais negativos, tais como: fadiga, rouquidão, voz áspera, entre outros.

A maior incidência de disfonia em profissionais da voz falada está entre os professores.

Alguns fatores predispõe o grupo a estas alterações: problemas de adaptação profissional, condição insatisfatória de trabalho, uso excessivo e continuado da voz, remuneração baixa e falta de reconhecimento social. Tudo isto leva ao estresse profissional e a alterações emocionais como a depressão.

A qualidade vocal do professor deve inspirar autoridade, confiança e controle sobre o grupo de alunos, além de possuir resistência para longas jornadas de trabalho em circunstâncias das mais adversas. O que se observa é que, geralmente, eles falam muito, gritam e mantém a intensidade vocal aumentada, na tentativa de superar o ruído ambiental. Tensões na musculatura cervical (pescoço), postura corporal inadequada, padrão respiratório inadequado, tom elevado, principalmente no momento do grito, voz abafada, presa, sem projeção são características frequentemente encontradas entre os professores. (Pinto, Furck)

Há varias circunstâncias peculiares e que devem ser consideradas, no cotidiano dos professores, além dos fatores descritos acima: O giz é um elemento irritativo para toda a árvore respiratória, principalmente quando o próprio professor apaga a lousa e bate o apagador para limpá-lo; no laboratório de química pode se ver inalação de fumaça química que é irritante da mucosa de todo o trato vocal. No de biologia há o contato com formol; na botânica há o contato com o pólen e por peças de estudo mal acondicionadas.

Os professores de Educação Física tem sua saúde vocal ainda mais prejudicada, devido à condição de trabalho em ambientes externos e amplos, salas sem acústica adequada ou com muito ruído competitivo. Além disso, a associação de fala e exercícios físicos predispõe ainda mais a fadiga vocal.

A demanda vocal é frequentemente excessiva, com professores lecionando até três períodos ou ainda exercendo atividades profissionais secundárias com uso excessivo ou abusivo de voz.

A ausência de um preparo vocal é a realidade do professor. Infelizmente, não é oferecido ao aluno de magistério e demais cursos relacionados ao ensino, uma preparação formal ou sequer uma orientação dirigida ao uso correto da voz.

Os professores deveriam buscar orientação médica (Otorrinolaringologista) e/ou fonoaudiologia para prevenir o aparecimento de alterações vocais antes do início do trabalho como professor, se possível, ou no decorrer de sua carreira, com o intuito de preservar o seu instrumento de trabalho que é tão importante, a voz.